sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Nobre, Ministério Público e FPF: que papelão!

Federação Paulista cede à pressão da cúpula corinthiana, recua sobre a decisão de clássico com torcida única e põe fogo na cidade às vésperas do Dérbi, o primeiro na Allianz Parque


Paulo Nobre bem que tentou, o Ministério Público bem que forçou, mas a Federação Paulista não manteve o pulso firme e confirmou a presença da torcida visitante no clássico do próximo domingo. A decisão foi tomada após a 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, que revogou a recomendação/imposição do Ministério Público de manter apenas uma torcida no Dérbi e jogou a decisão na mão da FPF.

O recuo não é surpreendente, devido as ameaças feitas pelo ainda presidente do Corinthians, Mário Gobbi, que afirmou que a agremiação não entraria em campo, caso se mantivesse o veto à sua torcida. Curiosa a ameaça, pois Gobbi encerra seu mandato hoje, de forma que não pode decidir qual atitude a ser tomada no dia da partida. Pelo visto, a pressão deu certo.

Mas o pior da história é a palhaçada que o trio Paulo Nobre, MP e FPF protagonizaram esta semana. Havia a preocupação de violência no jogo de domingo. Errado? Absolutamente não, aliás, eles estavam corretíssimos em ficarem alertas para os perigos que envolviam este jogo. Mas a forma com que lidaram com a situação foi totalmente equivocada.

A começar pelo discurso de Paulo Nobre. Ele sempre defendeu a camaradagem entre os times. Foi traído por Aidar e chorou publicamente, amaldiçoando e pregando ódio ao cartola são paulino. Meses depois, aliciou Arouca a deixar o Santos, para acertar com o Palmeiras. A atitude foi tão sórdida, que Arouca sequer estava em negociação de renovação. Ele teve que acionar o Santos na justiça para poder sair do clube. Aidar pode ter sido antiético, mas Kardec não precisou da Justiça para se transferir, certo?

Depois Nobre agiu de forma mimada e apaixonada. O pedido dele de veto dos corinthianos junto ao MP, soa como um garoto doente pela paixão não quisesse que qualquer um pisasse em sua nova casa. Soa como o posicionamento da torcida palmeirense no clássico na Arena Corinthians, o ar de Itaquera é "tóxico", a presença deles em nosso estádio também, vamos vetar e assim evitar represálias sobre as cadeiras quebradas.

Se pensou assim, Nobre pensou de forma mesquinha e pequena. Gobbi disse em sua entrevista coletiva na tarde de hoje que perdeu todo o respeito que tinha pelo mandatário alviverde. Alguma coisa deve ter acontecido. Talvez uma conversa entre os dirigentes sobre o caso que não tenha acabado bem. Quem sabe?

Pior do que a postura de Nobre, é a medida do MP e da FPF, que assumiram publicamente, a sua incapacidade de resolver os problemas em relação a violência do futebol brasileiro. Preferiram tirar um direito do cidadão, do que proporcionar condições ao cidadão de usufruir um direito seu.

A Federação Paulista, que tem a soberba em dizer que sempre contribuiu para a evolução do Futebol Brasileiro, investindo em arbitragem e prezando pela organização de seus campeonatos. Que "combateu" a violência ao exigir o cadastramento dos integrantes das T.O para entrar nos estádios, que junto ao Ministério Público, incluiu no Regulamento do Estadual, a capacidade máxima de 5% da carga de ingressos para a torcida visitante.

Há uma má vontade geral em combater a violência no futebol. Não sei se é preguiça, falta de interesse financeiro ou simplesmente tem um FODA-SE instalado na cabeça dos dirigentes, promotores e policiais responsáveis pelo caso.

Não quero aqui, de forma alguma, defender os torcedores violentos. Acredito que eles devem ser punidos, banidos do mundo do futebol. Acredito que deve ser erguido um presídio especificamente para crimes do futebol, além de um órgão da Justiça que julgue criminalmente este atos.

Mas essa realidade parece muito distante. Parece que não iremos nos revoltar contra esse panorama, como fizeram na Terra da Rainha. Parece que o futebol brasileiro não tem mais salvação. Ele sobrevive respirando por aparelhos, o quadro é grave e nada estável. Sabemos a cura, mas não estamos dispostos a aplicá-la. Sabemos a doença, mas não combatemos o foco. Virou epidemia e somos TODOS culpados disso.

Foto: Claudio Sousa (Blog FCS)

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