segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Que país é esse?


Salve, salve, leitores do FCS!

Hoje é dia de reflexão para o futebol brasileiro. Afinal, estamos no dia pós-clássico paulista entre Palmeiras x Corinthians, que mexeu com os ânimos de todo mundo. As cenas de selvageria e guerra na Rua Turiassu, em frente ao Allianz Parque, que também abriga a sede da principal torcida organizada alviverde, confirmaram em partes, o temor de Paulo Nobre e do Ministério Público.

O medo de ter brigas entre torcedores não se confirmou, acabando com o principal argumento do MP sobre a decisão de tentar barrar a entrada da torcida visitante e evidenciando que a atitude de Paulo Nobre foi totalmente equivocada.

Mas o que nos chama a atenção é: somos o país que organizou uma Copa do Mundo sem incidentes, que conseguiu identificar hooligans nos aeroportos e manda-los de volta para casa, antes mesmo deles entrarem no país, ou somos o país que não consegue lidar com uma torcida organizada?

Somos o país que trabalha na prevenção de acidentes e confusões, de forma brilhante, como foi na Copa do Mundo, ou somos o país da guerra, da selvageria, dos confrontos em praça pública, do despreparo policial e da impunidade de arruaceiros?

Fizemos um bom trabalho por competência própria? Fizemos um trabalho porque queríamos fazer uma grande Copa para nós mesmo, ou foi tudo para inglês ver? Tudo para não vender uma imagem negativa do Brasil?

E mesmo que fizesse um evento para os estrangeiros, porque tanta má vontade em resolver os problemas daqui? Porque tentar ignorar o problema (como foi o caso de evitar a presença da torcida visitante, alegando que ela seria culpada da violência), é mais fácil do que resolver o problema efetivamente, prendendo os responsáveis pela bagunça, que geralmente são membros de torcidas organizadas.

E nem precisamos fazer uma investigação muito profunda para descobrir quem são. Para pegar um exemplo fácil, temos os presos de Oruro, que foram identificados em várias brigas posteriores à morte de Kevin Espada, e permanecem impunes como sempre.




Mas aí vocês vão me dizer que o público da Copa é totalmente diferente do público que frequenta os estádios brasileiros. Pois eu digo que é mentira. Fui assistir a quatro jogos da Copa do Mundo, em Itaquera. Em todos eles, paguei bem mais barato do que em jogos de Corinthians e de Palmeiras no Paulistão. Para você ter ideia da diferença, o ingresso mais caro do clássico de domingo custava R$ 350,00. Mais que o dobro do que eu gastei para assistir três jogos da primeira fase e um das oitavas na Copa do Mundo.

Com exceção das torcidas organizadas, o público que frequenta o estádio é o mesmo. São pessoas de classe média para cima. Pessoas que ganham muito bem e tem mais estudo, mais "educação". Só que estas pessoas também causam brigas nos estádios, como a matéria do Globo Esporte no dérbi na Arena Corinthians, quando flagraram universitários quebrando cadeiras e se vangloriando nas redes sociais.

É aí que o Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Federação Paulista de Futebol e os dirigentes dos clubes de São Paulo estão matando o futebol. Eles já elitizaram o esporte. O futebol no Brasil não é popular e deixou de ser faz tempo. O caráter do estádio mudou. Não temos mais aqueles apaixonados que vão ao estádio para apoiar, incentivar e fazer com que aquela atmosfera seja um caldeirão. Muito pelo contrário, temos "burguesinhos", que gostam de conforto, espetáculo e vitória. Não sabem entoar um canto de incentivo, não sabem sofrer com o resultado adverso, não sabe jogar junto com o time. Só sabe ficar sentado, comendo pipoca e apreciam a vitória, se perdem, vaiam e xingam quem for, mas nunca oferecem o seu apoio. Apoiar está praticamente restrito as torcidas organizadas.

Não temos mais do que 8 mil torcedores organizados nos jogos. A maioria destes torcedores colaboram com a Polícia e promovem a paz. É uma parte destes torcedores que perdem a cabeça e são mais extremistas.

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